quarta-feira, maio 30

3 dedos de culpa e uma colher de gostar.

Terminei a refeição do meio-dia e me recostei no sofá com um copo cheio de uma bebida da qual eu havia provado poucas vezes. Nada de um gole de vinho, ou dose de uísque. Só uns três dedos de culpa. Não importa como aconteceu, mas eu bebi e senti de novo aquela sensação estranha. Ao invés de descer como fogo pela garganta, descia fria como um copo de água que estava num freezer mas ainda sem congelar. E continuou a produzir a mesma sensação. Frio. Frio na barriga, com um leve gosto de dúvida. Ou mistério. Parece coisa de psicopata, mas gostei do que senti. Geralmente a culpa é como um peso nas costas, uma dor de cabeça que só passa quando se coloca para fora o que causa a angústia. Comigo é diferente. Degustar a culpa me faz querer ser mais culpado, e beber mais dessa substância diretamente da garrafa. É como o álcool para um alcoólatra, sem a dependência. Porque depender é só para os fracos, e viver único e sozinho não é para todos. Sou assim independente, culpado, réu em vários graus. E vivo errando e me culpando e sentindo o frio na barriga. E gostando.

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